Mas, até que ponto esse comportamento é realmente salutar para nossa sociedade? Já trouxemos aqui alguns exemplos de como é preocupante nosso futuro como nação se os agentes públicos continuarem com as suas ações tradicionais em nome do poder e favorecimentos pessoais e também o quanto, nós cidadãos, somos os únicos “culpados” por esta situação permanecer assim e também somos a única chance dela se alterar.
De que adianta termos leis e regras sociais que buscam coibir tais atos, se temos intrinsecamente em nosso comportamento cultural e social, de modo geral, essa “satisfação” de levar vantagem sobre algo ou alguém mesmo sabendo que talvez tenha sido por vias desonestas? E a pergunta mais importante: por que o brasileiro mantém esse comportamento se ele é o maior prejudicado com isso?
A história nos mostra que a então colônia portuguesa Brasil era na verdade uma terra extrativista cujo império luso propositalmente deixava à deriva do conhecimento e da comunicação com o restante do mundo exatamente para que não houvesse do lado de cá do oceano a iminência de lideranças ameaçarem essa autonomia saqueadora. Mais tarde, já no reinado de Dom João VI aqui no Brasil em meados de 1818 ainda era precária a fatia de instrução escolar dos habitantes de nosso país já que somente cerca de 2,5% da população masculina em idade escolar era alfabetizada em todo o território nacional.
A falta de erudição do povo aliada ao comportamento tradicionalmente paternalista dos governantes refugiados no Brasil, fez com que esse costume se enraizasse em nossa sociedade. Infelizmente, com o ar do tempo, o maior prejudicado pelo jeitinho brasileiro herdado de nossos “colonizadores”, o povo, tornou-se ele próprio um portador desse tipo de comportamento e uma poderosa arma autodestrutiva à nossa nação quando se fala em cidadania plena e correta.
A compra e venda do voto por favores, dinheiro ou promessa de emprego é sem dúvida, uma das piores e mais asquerosas práticas corriqueiras de eleitores e políticos brasileiros que retroalimentam a Lei de Gérson política. Com isso, esses praticantes destroem a possibilidade de crescermos dentro de uma democracia consolidada e um serviço público eficiente e realmente para todos colaborando com a corrupção e ainda pior, construindo um país com fome, sem segurança, sem educação e inteiramente desestruturado socialmente. Pensemos nisso, as eleições estão próximas e ainda há tempo de mudarmos o futuro de nosso país que hoje está assim devido à essa herança maldita.
Boa semana!
Fredi Camargo – Cientista Político
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