Essa valorização não a necessariamente pela remuneração pujante. Há muito se fala em gestores de pessoas preparados para os desafios do mercado. Mas e na política? Por que ainda existem figuras políticas que acham que a autoridade deve ser imposta? Simples, por uma simples herança cultural que temos de achar que políticos são figuras quase divinas perante a sociedade.
Esse é, ao meu ver, um dos maiores problemas da cultura brasileira em relação à política e ao serviço público. Como nosso país foi criado sobre o dogma de autoridade absolutista, o brasileiro foi reando essa ideia, geração após geração, de que quem exerce um cargo público deve ser tratado como se fosse praticamente intocável. Esse tipo de tratamento reflete na impunidade, na prepotência e no desleixo da maioria dos gestores em relação à eficiência do serviço público.
O brasileiro reclama, mas não age. Se soubéssemos realmente que nosso poder de ação vai bem além do simples ato de votar, poderíamos estar colocando certas figuras folclóricas em seus devidos lugares. Políticos que acham que não precisam se relacionar com o povo, que possuem em seu comportamento um tom centralizador e permitem-se dizer os únicos seres que possuem capacidade para exercer seus cargos são a mais pura e verdadeira imagem do quanto nosso povo é mau gerido. A iniciativa privada já aprendeu que relacionamento humano, mesmo aquele que deve ser submetido a pressões de metas e resultados, tem que ser exercido com respeito ao indivíduo e suas ideias.
A velha imagem que o coronelismo criou, do político autossuficiente, que sabe tudo e trabalha sozinho está caindo em desuso apesar da insistência de alguns em manterem-se no velho pedestal da autoridade. O povo tem toda a chance do mundo de tempos em tempos, de alterar o quadro de gestores de nosso país expurgando da política figuras como essas.
É através do tratamento de respeito, da responsabilidade dividida com grupos de trabalho e principalmente com a humildade de saber que as pessoas devem ser bem tratadas que o novo gestor público vai apresentar ao povo brasileiro que ainda restam esperanças para uma nova política florescer. Afinal, o que esperar de pessoas centralizadoras, que não tratam bem seus pares e não saibam dialogar democraticamente? Tudo, menos que saibam cuidar das pessoas pelas quais se dizem ser eleitas para representar.
Boa semana!
Fredi Camargo – Cientista Político
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