

Certamente você já ouviu essa frase (ou algo semelhante): O mundo globalizado e corrido exige que a produção de alimentos seja feita em grande escala. Talvez essa “verdade” esteja mudando – ou ela, de fato, nunca foi uma verdade. Se para o profissional da área de alimentos a grande indústria é fascinante, por outro lado a produção de alimentos pela agricultura familiar é encantadora, cativante e instigante.
A agricultura familiar possui algumas características marcantes e peculiares como, por exemplo, a diversidade produtiva, responsável pela preservação e manutenção de inúmeras espécies, e a gestão compartilhada da propriedade pela família, estabelecida a partir uma relação única com a terra, seu local de trabalho, fonte de renda e moradia.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – FAO a agricultura familiar é responsável por cerca de 80% dos alimentos produzidos no mundo. No Brasil, segundo dados do Senso Agropecuário de 2006, a agricultura familiar produz cerca de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos consumidores e constitui a base da economia de 90% dos municípios que possuem população de até 20 mil habitantes, representando 40% da população economicamente ativa.
A importância da agricultura familiar fica visível nos dados citados acima. Economicamente pode-se dizer que a importância do setor está vinculada ao abastecimento do mercado interno, principalmente porque mais de 50% dos alimentos que compõe a cesta básica são produzidos pelos agricultores familiares. A produção de 87% da mandioca, 70% do feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz e 21% do trigo é realizada pela agricultura familiar. Na pecuária, responde por 60% da produção de leite, 59% do rebanho suíno, 50% das aves e 30% dos bovinos. Os alimentos oriundos da agricultura familiar são diferenciados nos aspectos relacionados ao processo de produção artesanal, que confere características intrínsecas que os diferenciam dos demais produtos no momento da comercialização.
Dada a importância do setor, inevitável mencionar que seu desenvolvimento está atrelado à necessidade de aumento da produtividade, por vezes limitado ao tamanho das propriedades e à mão de obra familiar (restrita); ao o à novos canais de comercialização, buscando agregar valor aos produtos por meio da agroindustrialização das matérias-primas; e a investimentos para a modernização da propriedade, limitados pela escassez de recursos.
Frente a essas (e inúmeras outras) adversidades e considerando a importância do setor sob diferentes aspectos (cultural, econômico, social e ambiental) apresentados inicialmente nos dados, pode-se dizer que os agricultores familiares fazem verdadeiros milagres. Apesar dos dados apresentados no início do texto, é preciso mencionar que reconhecimento do trabalho dos agricultores familiares não deve se deter a números. E como já dizia Teixeirinha “É um roceiro que orgulha a pátria; Que colhe o fruto da terra lavrada; E se não fosse este colono forte; Tu ias ter que pegar na enxada.”
Bibliografias consultadas: Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário. Disponível em: < http://www.mda.gov.br>. o em: 21 de nov. 2017.
Vanessa C.B. Daltoé
Gestora | APL – AF Vale do Taquari