Gerente Regional da RGE voltou a se reunir com representantes da diretoria da entidade, da gestão pública municipal e vereadores para apresentação do atual contexto do fornecimento de energia municipal e regional
A Câmara de Comércio, Indústria, Serviços e Agronegócios (Cacis) de Estrela promoveu, na manhã desta terça-feira (01), uma nova reunião com Cristiano Guedes da Silva, gerente regional da Rio Grande Energia (RGE). Na pauta, uma apresentação das ações e do balanço da concessionária nos últimos anos, em especial após o vendaval de janeiro a enchente de maio, ambos em 2024, que atingiram Estrela, região e Estado. A reunião foi mais uma oportunidade para se sanar dúvidas, apontar investimentos que foram e estão sendo realizados, também futuros ou que se fazem necessários; e ainda a captação de demandas, tanto do poder público como da sociedade civil e a iniciativa privada, a fim de facilitar o diálogo entre as partes e a busca por soluções conjuntas.
O encontro contou com a presença da prefeita de Estrela, Carine Schwingel, do vice Márcio Mallmann, além de secretários municipais, vereadores e representantes da diretoria da Cacis, entre eles o presidente Claus Wallauer, que foi quem propôs a reunião, nos moldes da realizada em janeiro de 2024, logo após o vendaval, que também contou com a presença da Cristiano da Silva, gerente regional da RGE desde 2014. Já foi acertada uma nova reunião, com os mesmos propósitos, a ser agendada para os próximos 60 dias. Nesta, já será trazida à pauta algumas prioridades a serem apontadas por um grupo de trabalho a ser formado, envolvendo os mesmos participantes, em especial representantes dos poderes municipais e a Cacis. O objetivo é proporcionar um debate mais objetivo com a concessionária do que é mais urgente no que tange aos interesses públicos, e que assim se beneficie mais pessoas.
Balanço
De acordo com Cristiano, atualmente a RGE atende 381 municípios, abrangendo 76% do território do Rio Grande do Sul e fornecendo energia para mais de 3 milhões de clientes – cerca de 7,1 milhões de pessoas. Ainda, segundo ele, não fosse os problemas ocasionados pelos desastres de 2024, todos os indicadores operacionais, como tempo de resposta e procedimentos, estariam dentro das metas. Ainda assim, boa parte deles, entre os quais os relacionados a investimentos, estão dentro dos critérios e metas estabelecidos, sendo que os demais devem ser normalizados até o fim deste ano. “Não tivessem ocorrido as intempéries climáticas a situação seria outra”, garante. Ainda assim, mais de 275 milhões em multas já foram pagas pela RGE à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) entre 2019 e 2024 por metas não entregues.
Investimentos
“Apenas em um período de dois anos foram substituídos mais de 223 mil postes no Estado de madeira por concreto ou fibra. Como comparação, em 2006, 87% dos postes no RS dentro da nossa área de concessão eram de madeira. Nossa meta é fechar o ano de 2025 com apenas 9% ainda”, diz. Em Estrela os investimentos são de R$ 16,4 milhões nos últimos três anos, com 1.255 postes de madeira substituídos por estruturas reforçadas de concreto ou fibra. “Hoje, dos mais de 9 mil postes de Estrela, 93% são destes materiais, sem distinção entre zona rural e urbana, mas sim de forma igualitária”, relata Cristiano. “São essas trocas que às vezes justificam a falta de energia pontuais. Mas é mito de que a troca do poste só ocorre quando ele cai. Se vale a reflexão, só estaríamos rasgando dinheiro, pois a posterior troca significa de três a cinco vezes mais custos para a concessionária por tudo o que envolve. Assim, como é mito também, e posso afirmar aos estrelenses, de que se investe mais em Lajeado do que em Estrela. São investimentos muito parecidos, isso que em Lajeado não há praticamente zona rural, o que torna as ações em Estrela, com mais áreas rurais, bem mais complexas e custosas”, esclarece o gerente.
Modernização
A RGE prevê um investimento de R$ 9 bilhões no Estado nos próximos anos para modernizar a rede elétrica e ampliar sua infraestrutura, sendo que nos últimos três foram investidos na região da Amvat e da Amat mais de R$ 275 milhões. Estão planejadas 24 novas subestações entre 2024 e 2028 na área de atuação, incluindo na região unidades em Cruzeiro do Sul e Imigrante. “A subestação de Cruzeiro do Sul é a mais avançada no cronograma de execução”, revela.
Vegetação
Outro ponto abordado pelo gerente regional, e considerado o mais grave, foi a importância de mitigar problemas relacionados à vegetação. Estudos indicam que 78% das ocorrências envolvendo problemas de queda de energia, principalmente após a ocorrência de desastres climáticos, têm relação com a queda de árvores e outras vegetações sobre a rede elétrica. “Não adianta termos postes de concreto, subestações e respostas rápidas se também temos a todo momento, ocorrências por causa vegetações inadequadas, fora das condições. Vale ressaltar que a RGE cuida de poste, fios e fornecimento de energia em geral. O que envolve vegetação, seja ela nativa ou mesmo urbana, não é de responsabilidade da RGE”, pontua, apesar de implementação por parte da concessionária do programa “Arborização Mais Segura”, que elabora um inventário de pontos de risco e propõe soluções preventivas em parceria com os municípios. O processo inclui o plantio de novas árvores antes da remoção daquelas que apresentam risco iminente. “Se estamos fazendo a remoção de uma árvore com certeza é porque já compensamos em outras áreas.”
Demandas x planejamento
Durante o encontro, o representante da RGE também respondeu a questionamentos sobre interrupções pontuais de energia em Estrela. Vereadores enfatizaram a necessidade de maior divulgação sobre os meios de aviso programado e a personalização de cadastros para emergências. A prefeita Carine Schwingel entregou à RGE uma série de demandas e abaixo-assinados, reforçando a cobrança por melhorias na distribuição de energia e reforço nas infraestruturas da cidade. Para tanto, propôs a implantação de um grupo de trabalho para estudar soluções específicas para o município. “Precisamos antecipar os problemas para evitar todo o desgaste e gasto que envolve as ações posteriores. Queremos manter esse diálogo aberto com a RGE, em bom tom, com respeito, mas também objetivo, para juntos solucionarmos e resolvermos problemas que são do interesse de todos”, afirma a prefeita, que colocou o seu gabinete à disposição para o atendimento de demandas trazidas por associações de moradores e outras frentes coletivas.
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