Os moradores de Los Angeles e cidades nos arredores, no estado americano da Califórnia, têm que lidar com incêndios gigantescos há pelo menos uma semana. Os episódios têm causado devastações sem precedentes. Pelo menos 24 pessoas morreram e mais de 160 quilômetros quadrados foram destruídos pelas chamas, uma área maior que toda a cidade de San Francisco. Estimativas dão conta de que os prejuízos podem chegar a US$ 150 bilhões, o equivalente a mais de R$ 900 bilhões.
“A última semana foi uma loucura, tudo começou com uma ventania”, conta o professor universitário americano Theodore Robert Young, que fez intercâmbio em Lajeado no final da década de 1970, pelo Rotary Clube. Ele já morou no RS e no Eixo Rio-São Paulo, tem amigos gaúchos com os quais mantém contato e mora em Los Angeles desde 2002.
Conforme ele, os ventos chegaram à incrível marca de 150 km/h e, com isso, qualquer faísca na região mais seca pode ocasionar um novo incêndio. Essa é uma das principais dificuldades dos combatentes. A extensão do desastre mobiliza esforços de bombeiros de todo o país – todos os helicópteros de combate a incêndios estão em operação na região de Los Angeles. “Tudo está muito ressecado e tudo se espalha mais do que o normal”, explica.
Young conta que, devido a um incêndio a 5 km de sua casa, teve que sair às pressas para a propriedade dos seus sogros. Depois de o pior ar, voltou e vivenciou outro episódio, ainda mais perto – a 1 km de casa. “No dia a dia, é complicado. A gente tem que estar pronto para sair de casa a qualquer hora”, relatou ele nesta segunda-feira (13) à Rádio Independente. Young falou do escritório de seu trabalho, que fica a duas horas de casa.
Fora da área de evacuação, boa parte dos negócios e das escolas já voltou a funcionar. Mas o temor persiste. “Muitas pessoas nas regiões que foram consumidas pelo fogo estavam no trabalho, não tiveram como voltar para casa. Tiveram que procurar filhos e parentes idosos em abrigos”, compartilha o americano, sobre o drama na região.
De certa forma, os grandes incêndios já estão controlados, narra Young. “Não estão queimando mais bairros inteiros, como na semana ada”, compara. Porém, há a expectativa de que a velocidade dos ventos aumente a partir desta terça-feira (14), fato que poderia novamente elevar os incêndios.
Nas duas décadas em que mora na Califórnia, Young diz que viu dois grandes incêndios, “mas nunca tantos incêndios tão grandes ao mesmo tempo”. “A gente nunca fica acostumado aos incêndios. O clima, sim, estamos acostumados. Sabemos que tem um clima semiárido”, conta. “Ficamos mais preocupados com terremotos aqui, para falar a verdade”, sobre os temores dos californianos e residentes.
Segundo Young, os incêndios ainda vão persistir por mais algum tempo. Ele não sabe o quanto – “uma semana mais”, pondera. “Porque ainda são incêndios muito grandes, estão em áreas residenciais e de vegetação ressecada, que queimam muito rápido”, detalha. “Dependemos muito de aviões e helicópteros. Tem até um Jumbo, um 747 para apagar o fogo”, conta. Tropas inteiras do Corpo de Bombeiros estão empenhadas com pás na tentativa de apagar as labaredas manualmente.
A demanda tem sido tão grande que chega a faltar água nos hidrantes. Quando mais precisa, um reservatório de água também foi encontrado vazio, situação que deve ser investigada pelas autoridades. A maioria daqueles que moram nessa área da Califórnia tem seguro. Porém, no futuro, há o risco de as companhias não quererem mais cobrir esse tipo de seguro.